MATIAS LARANJEIRA CARTAXO nasceu no Recife (PE), em 7 de dezembro de 2009, e Deus lhe reservou uma forma diferente de começar a vida. Com uma paralisia cerebral, lisencefalia e agenesia de corpo caloso diagnósticadas - fato que acarreta atraso motor e não lhe dá prognóstico clínico de suas possibilidades de andar, falar e de como se desenvolverá sua inteligência - Matias tem tido uma vida bastante agitada e abençoada. Sua rotina semanal inclui sessões de fisioterapia, terapia ocupacional, natação e fonoaudiologia, além de muitos exercícios e estímulos em casa. Mas o pequeno Matias vem surpreendendo a todos com sua personalidade tranquila e alegre, bem como o seu jeito curioso e meigo de ser! Acompanhe um pouco mais da sua linda trajetória de vida e as reflexões de mamãe e papai nesse blog especial !

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Acessibilidade aqui??? onde?



Olá a todos. Hoje vim falar sobre esse tema porque vivenciei algo real e possível para todo tipo de deficiência. Infelizmente não foi aqui no Brasil. Oro a Deus para que estejamos também progredindo pra isso. Passei dias maravilhosos com minha irmã e família lá nos Estados Unidos. Já sabia como as coisas no que diz respeito a acessibilidade funcinavam lá, mas claro que agora, depois de Matias, tudo isso toma uma outra proporção e nossos olhares ficam mais atentos.

Não vou entrar aqui em detalhes porque teria que escrever mmuiitto, mas falar da minha emoção em ver, perceber diversar pessoas especiais ao nosso redor, em cada passeio que fazíamos, nossa, é tão simples, eles estão em toda parte porque há acesso. Ponto. O que isso causa? A sensação de normalidade, a sensação de fazer parte de uma sociedade que te inclui porque, simplesmente, somos iguais de formas diferentes.

O cidadão de bem é apreciado, é respeitado nas suas diversas "formas". Às vezes chegava a ser incontrolável segurar as lágrimas, mas a emoção era boa, maravilhosa. Não há estranhos no ninho! Há sim a diferença, sempre haverá, mas enquanto houver o respeito a valorização, está tudo bem.

Eu levo Matias pra escola a pé. Graças a Deus a escola é bem próxima (cerca de 600 m). Mas olha, é difícil. As calçadas não são feitas para rodinhas e quando tenho que ir par o asfalto já cheguei até a levar carão!! Sim, porque aqui quem anda em carro tem mais "direito"!!! Mais direito que o pedestre, o ciclista, o cadeirante...

Quando tomei um ônibus agora na viagem pra Atlanta, um cadeirante entrou, todos esperaram que ele entrasse e se acomodasse para então as outras pessoas tomarem seus lugares... Olha, não quero encher a bola desse ou daquele país. Eu vi, pode funcionar. Como conseguir isso?? Começando na área de nossa influência, acho. Percebi que não somos educados dessa forma. Eu mesma quando estou de carro, tenho que me policiar para realmente respeitar o trânsito. Acho que o que posso fazer é isso, a partir da minha conscientização influenciar o próximo e pedir muuuiiito a Deus por nossos governantes, porque é frustrante ver tanta verba pública desviada e tanto a ser feito, é de dar o nó na cabeça... Só Jesus na causa!

Claro que muita coisa desperta em nós por conta da nossa vivência, realidade, das surpresas que a vida nos traz. Mas por isso mesmo chamo a atenção para que a gente disperte para a vivência do próximo. Acho que a sociedade, eu, nós precisamos pensar mais no próximo. Já pensou se isso fôsse regra??? :)

domingo, 15 de abril de 2012

Será que um dia...

DEVOÇÃO – PARTE 4

DO LIVRO – Quando Rick estava na faculdade, era melhor não ficar sabendo das histórias que ouvia depois de ocorrerem. Reconheço que era pedir demais para que olhassem por meu filho. Por exemplo, uma noite em que Rick estava no dormitório, o cuidador não apareceu. Então, Rick ficou sentado à noite toda sem tomar os remédios, sem jantar e sem ir ao banheiro. Só descobriram que ele estava lá, no dia seguinte, quando seu colega de quarto chegou depois de uma noitada. Rick não podia fazer nada em uma situação como aquela porque não pode falar nem pegar o telefone. (pag. 162)

MINHA REFLEXÃO – Para qualquer tipo de pai, perguntas como “quais serão as possibilidades de meu filho?” ou “como ele irá se virar no mundo?” são mais que normais. Para nós, pais especiais, esses questionamentos se potencializam, uma vez que situações corriqueiras e normais do cotidiano, também se transformam em desafios.

Há poucos meses estava meio em “crise”, pensativo sobre esse assunto. O sentimento inevitável de se antever a qualquer circunstância, que vá colocar em risco a integridade física, moral e espiritual de nossas “crias”, é comum a pais que se sentem como leões protetores.

Pois bem... o querer projetar situações futuras, como a descrita na história de Rick acima, é lógico que traz desgaste emocional a qualquer um. Tenho procurado não me cobrar tanto por isso por que sei que é impossível, humanamente falando, não divagar pelo futuro imaginário.

Bom, mas certo dia estava na casa de praia de um amigo querido, em Porto de Galinhas. Quando fui ao banheiro, vi uma foto dele surfando numa mesma prancha que seu filho pequeno. Pra mim, que surfo há 27 anos (comecei aos 10 anos), tentar projetar essa cena acontecendo comigo e Matias foi avassalador. Será que poderemos desfrutar da mesma onda, juntos, um dia?

No último natal, a família de Paulinha se reuniu para a ceia. Matias já chegou na festa dormindo. Mas quando vi seus priminhos brincando, correndo pelo prédio e se divertindo, novamente pensei: será que um dia ele fará isso?

Também em dezembro passado, estava num casamento, curtindo, como padrinho, a união de um casal amigo. Ao ver o pequeno pajem entrando no momento das alianças, pra variar, lágrimas escorreram pelos meus olhos. Será que um dia Matias poderá ser pajem?

Pra encerrar essa sessão de historinhas, vi num domingo desses, quando ia pra igreja, um jovem numa cadeira de rodas, de cerca de 20 anos, aparentando ter paralisia cerebral. Puxei ar e pensei: afinal, o que nos espera? Como será o futuro de Matias?



CONCLUSÃO – Acredito que questionamentos como esses permeiam a mente de quaisquer pais, de crianças especiais ou não. Pra gente que vive a expectativa dos lentos e progressivos avanços motores e cognitivos, um olhar lá na frente é melhor não fazer parte da rotina do dia a dia. Ser sempre otimista? Sim. Mas se antever a fatos bem futuros são desnecessários, uma vez que as possibilidades do porvir se devem a uma atenção no presente.

E sabe de uma coisa, Matias pode nos surpreender um dia, mais ainda do que já nos surpreende? Sim. Mas e se ele for surfar comigo numa prancha adaptada? Amém! E se ele for pajem e entrar na igreja numa cadeira de rodas, todo arrumadinho de terno e segurando as alianças? Amém também! E se ele não puder correr com os priminhos, mas se divertir com eles brincando de outra forma? Amém mil vezes!

Assistindo a um culto recentemente, decidi que não quero “atrapalhar” os planos e o agir de Deus pra essa linda história de luta e esperança que está sendo escrita, mesmo com seus capítulos de dor. Confio no melhor “roteiro” escrito pelo Senhor, que também vem “escrevendo e dirigindo” a vida da equipe Hoyt.

Quais serão as possibilidades de Matias? Como ele irá se virar? Como se protegerá? Bom, não posso ficar me desgastando demais com isso. Deixa o tempo ditar suas próprias possibilidades. E como diz o próprio significado da palavra amém, citada três vezes logo acima: “que assim seja”! (Marcelo)