DEVOÇÃO – Parte 3
DO LIVRO – Na segunda vez que competimos na Maratona de Boston, conseguimos completar a prova em menos de três horas. E a mídia percebeu. Os repórteres ficaram tão impressionados que começaram a me perguntar se eu não pensava em correr sozinho – sem o meu filho (Rick). Tinha sido a primeira vez que alguém sugeria aquilo, e fiquei muito chocado. Acho que a idéia nunca tinha me ocorrido. Respondi rapidamente que jamais correria sem meu filho. Ele era a razão pela qual tinha começado a correr. Continuamos com a prática pelo bem de todas as outras pessoas deficientes que não tiveram as mesmas oportunidades que a gente. Nossa intenção sempre foi a de conscientização, e enquanto puder continuar fazendo isso, vou continuar. Além do mais, sem Rick, eu jamais saberia o que fazer com os meus braços. (página 118)
MINHA REFLEXÃO – A Bíblia diz que “não há um fio de cabelo sequer que caia da nossa cabeça sem a permissão de Deus”. Em suas páginas encontramos também que “pra tudo há um propósito debaixo do céu”. Lendo isso, olhando pra história da equipe Hoyt e pra nossa, fico imaginando qual será então o “motivo especial” pelo qual Deus nos colocou nessa empreitada?
Conscientização da causa de crianças especiais? Mostrar à sociedade ao nosso redor que a vida pode ser mais simples? Testemunhar nossa caminhada de fé, em meio aos altos e baixos naturais de qualquer casal, pais de crianças especiais? Ajudar simplesmente a outros que passam pela mesma história, uma vez que sabemos na “pele” como tentar lhe dar com algumas situações? Ou tudo isso junto?
Propósitos a parte, vamos vivendo... Perguntamos a Deus sim o que fazer com tudo isso. E, aos poucos, situações naturais do cotidiano vão mostrando o outro lado, que circunstância – a de pais especiais - como essas traz.
Falando recentemente com um amigo, ele disse que uma amiga do banco, em que trabalha, havia dado luz a uma criança que nasceu sem a mão e o antebraço. Sem saber ao certo como consolá-la, deu-lhe o endereço do blog de Matias. Depois ela comentou com meu amigo, que as mensagens contidas no blog ajudaram-na muito, em relação a se ter esperança em meio às dificuldades.
O blog tem sido um grande meio – sem fronteiras - para dar visibilidade a essa história. O motivo principal de criá-lo foi realmente esse. Tornar o fato “público”, para que pudéssemos interagir mais com outros pais especiais, bem como tentar também ser benção na vida das pessoas que acessarem as páginas virtuais.
Logo quando começamos a postar textos, uma mãe brasileira - que mora na Europa, mas que teve o filho no Acre - entrou em contato com a gente. Ela clamava por ajuda, pois seu filho especial tinha apenas três meses de idade e ela estava o rejeitando, completamente apavorada diante da circunstância. Paulinha foi quem assumiu a missão de acalmá-la e ampará-la, mesmo diante de sua própria dor.
No ano passado, num encontro na igreja, pude falar um pouco sobre OS MEDOS DA VIDA. Fiz uma associação do ato de sentir medo na área financeira, profissional, ministerial e familiar, usando sempre exemplos da minha vida e como Deus intercedeu em cada momento. A reação do público era sempre de muita atenção. Mas quando finalizei falando sobre medo do futuro (e nossa atitude diante disso), usando como pano de fundo a história de Matias, algo forte tocou o coração das pessoas. Ao final da preleção, muitos testemunhos de renovo e disposição de encarar com mais coragem a vida, sob a direção de Deus, chegaram aos meus ouvidos.
Com Paulinha também não foi diferente, ao palestrar sobre SONHOS, para mais de 100 jovens mulheres. Ela falou dos sonhos em diversas áreas da sua vida. Mas também quando citou a história de Matias, finalizando a palestra com ele nos braços, “abrindo mão” dos seus sonhos em detrimentos dos “sonhos de Deus pra ela”, lágrimas de alegria e encorajamento escorreram pela platéia.
CONCLUSÃO - Bom, não temos respostas ainda tão claras quanto às de Rick. Mas sabemos, em nosso mais profundo íntimo, que toda essa história de Matias não “foi criada” em vão, por Deus. Temos a consciência de que muitas demonstrações de atitude, amor e superação alcançarão vidas das pessoas que conhecerem um pouco de Matias.
Na verdade, todos nós, sem exceção, precisamos de uma vida guiada por propósitos. Quer você seja pai ou mãe especial, quer não. Nada acontece por acaso. Parafraseando o autor americano Rick Warren, do best seller mundial Uma Vida Com Propósito “a questão não é você. O propósito de sua vida é muito maior que sua realização pessoal, sua paz de espírito ou mesmo sua felicidade. É muito maior que sua família, sua carreira ou mesmo seus mais ambiciosos sonhos e aspirações. Se você quiser saber porque foi colocado nesse planeta deverá começar por Deus. Você nasceu de acordo com os propósitos Dele e para cumprir os propósitos Dele”.
Dicky escolheu assumir que seu filho Rick era uma oportunidade para que se fosse colocado em prática um propósito especial. Amém por isso, pois milhares de pessoas foram e são impactadas até hoje por essa linda história. Prova de que Deus é capaz de colocar em nossa visão um novo olhar diante das circunstâncias.
Quanto a mim e a Paulinha sabemos que também nos sentimos “honrados” por tamanha confiança de Deus em nossas mãos. Creio que o Senhor permite uma forma diferente de Matias viver sua vida porque Ele sabe que tem uma missão especial pra gente, hoje, e futuramente para o próprio Matias. A missão de fazer diferente.
De transformar algo que é visto como “triste” em “alegre”, mesmo diante da nossa dor. Transformar aquilo que poderia ser motivo de “ira” em “amor”, mesmo diante da dor. Transformar aquilo que “não se vê” em “esperança divina que se vê”, mesmo diante da dor. Transformar um “deserto” em “oportunidade”, mesmo diante da dor. Transformar a “dor” em “aprendizado”, mesmo diante da dor. Transformar... se deixar transformar... transformando... (Marcelo)