MATIAS LARANJEIRA CARTAXO nasceu no Recife (PE), em 7 de dezembro de 2009, e Deus lhe reservou uma forma diferente de começar a vida. Com uma paralisia cerebral, lisencefalia e agenesia de corpo caloso diagnósticadas - fato que acarreta atraso motor e não lhe dá prognóstico clínico de suas possibilidades de andar, falar e de como se desenvolverá sua inteligência - Matias tem tido uma vida bastante agitada e abençoada. Sua rotina semanal inclui sessões de fisioterapia, terapia ocupacional, natação e fonoaudiologia, além de muitos exercícios e estímulos em casa. Mas o pequeno Matias vem surpreendendo a todos com sua personalidade tranquila e alegre, bem como o seu jeito curioso e meigo de ser! Acompanhe um pouco mais da sua linda trajetória de vida e as reflexões de mamãe e papai nesse blog especial !

domingo, 6 de janeiro de 2013

Matias começa a SURF TERAPIA


Wwwwohhhoooo!!!! Esse é o melhor termo para expressar a emoção que vivemos nesse final de semana de verão, na bela Porto de Galinhas. Matias rompeu mais uma barreira e fez sua estréia no surf, pegando onda com um bodyboard adpatado que fizemos. Pra mim (pai e surfista há 28 anos), especialmente, foi algo muito marcante. Ver o pitoquinho encarar e curtir o "deslisar" nas ondas foi emocionante. É natural um pai querer que seu filho desfrute de muitos dos prazeres que curte, sabendo que, no futuro, é o próprio filho que fará e escolha se quer seguir ou não determinado hobbie ou esporte. No caso de Matias, imaginar que essa curtição pudesse ocorrer já agora era meu difícil.

Como Matias ainda não poder dar uma de "big rider", escolhemos um point mais tranquilo de Porto para seu batismo nas ondas. Fomos para uma área entre as piscinas naturais de Porto e o pico dos Camarões, mais precisamente em frente a já destruída "casa do governador". Gostaríamos mesmo de ter ido ao Pontal de Maracaípe (praia tradicional onde os pais iniciam seus filhos no surf), mas o acesso complicado da estrada inviabilizou nossa ida.

Bom, como o mar onde estávamos é calmo deu para colocá-lo tranquilamente no bodyboard para ele ir se ambientando com o equipamento. Na primeira onda descemos juntos até a beirinha, uma vez que ele soltou as alças durante o, digamos, "drop". Em seguida, descemos juntos e o soltei (como aparece na filmagem) para que fosse sozinho. Woohhoooo!!! Ele conseguiu e foi deslizando tão bem que parecia um Guilherme Tâmega ou um Mike Stewart!!!



Depois de algumas ondinhas ele se assustou um pouco depois de engolir água numa quase "vaca". Quando o coloquei de volta à prancha começou a esboçar um choro, não se sentindo mais a vontade. Hora de parar. No dia seguinte fizemos uma nova sessão radical. Na próxima semana vamos encarar as ondas de Serrambí!!!! De férias da fisioterapia, fonoaudiologia, hidroterapia e equoterapia, nada melhor do que uma SURFTERAPIA para agitar Matias no verão.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS - A meu amigo de longas datas Marcelo Gomes, que presenteou Matias com o bodyboard, e a Helinho, meu sócio na Mentor, que usuou sua habilidade manual para fixar os acessórios: o macarrão nas laterais (para evitar que Matias saísse de lado) e as alças (duas, como na equoterapia, para Matias segurar com firmeza). Todas as "peças" foram furadas e colocadas com copinhos pretos (parafusos de plásticos), usados para prender o streap (cordinha) no bodyboard.

LIÇÃO INESPERADA - Ainda ontem, na praia, conheci um rapaz de Brasília, Ciro, 47 anos, que estava com sua esposa de férias em Porto de Galinhas. Ele teve poliomelite aos 2 anos de idade e desde então anda com auxílio de muletas. Curiosa para saber que material era utilizado em suas órteses nas pernas, Paulinha me pediu para conversar com ele. Não só o fiz como prolongamos o papo numa gostosa conversa, sobre superação, preconceito, etc. E uma lição me foi ensinada, que tem a ver com essa nossa experiência com Matias no surf. Ciro me falou que o fato dele ser bem resolvido com sua necessidade especial se deve, em grande parte, aos pais dele. Segundo revelou, depois de trabalhar durante a semana, aos sábaos seu pai o pegava pelos braços e o levava para fazer de tudo, sem vergonha alguma, sempre com amor e segurança. Assim, ele pôde desfrutar de uma vida em sociedade. Valeu pelas palavras Ciro! Assim continuaremos a fazer com Matias. Pegaremos - eu e Paulinha - ele pelos braços e o levaremos para novas aventuras e passeios, bem como a qualquer lugar que seja, sempre com muito carinho e respeito as vontades dele também. (Marcelo)

3 comentários: